O velho
Bastião nasceu em 20 de janeiro de 1889 e faleceu em
25 de abril de 1948. Participou da fundação do Uberaba e a partir de então compôs sua diretoria por ininterruptas gestões. Com algumas (poucas) interrupções, foi o técnico do time de sua fundação, em 1917, até sua seu falecimento, em 1948. Também respondeu como presidente do clube no inicio da década de 20, após a mudança de domicílio de Cantidiano de Almeida, transferido para São Paulo, preparando o terreno para a presidência de Guiomar Rodrigues da Cunha.
Inspetor de seguros da Companhia Sul América em Uberaba, Sebastião foi também um vigoroso jornalista. Durante mais de 20 anos colaborou com o Lavoura e Comércio, onde chegou a exercer o cargo de redator chefe da seção de esportes, função que acumulava com sua tremenda dedicação ao clube. É fácil encontrar, em vários dos principais jornais do país à época, citações ao Uberaba Sport. A cada vitória do clube, Sebastião disparava seu telex para as redações dos maiores jornais do país, que sempre tinham, assim, notícias sobre o proclamado "Campeão Absoluto do Triângulo Mineiro".
No final da década de 30, insatisfeito com os rumos do Uberaba Sport, que fazia verdadeiras seleções piratas, contando com profissionais que tinham problemas de registro em seus clubes e federações de origem, voltando a atenção para amistosos contra grandes equipes do futebol brasileiro, Sebastião deixou o clube e ajudou a fundar o Independente.
Por vários anos o estádio do Independente, na Rua Osvaldo Cruz, ostentou o seu nome. As primeiras partidas contra o seu amado Uberaba só ocorreram no início de 1940, quase dois anos após a fundação do clube "yankee". O Uberaba, com sua legião de profissionais, não tomou conhecimento do espírito amador de Sebastião Bráz, aplicando duas sonoras goleadas por 5x0. Na terceira partida, no entanto, Sebastião se rendeu às evidências e trouxe alguns dos melhores jogadores brasileiros da época, como Feitiço, para reforçar seu clube. Ao final, finalmente uma vitória do Independente, por 2x1. Derrotado em suas convicções, sua aventura longe do amado Uberaba Sport pouco durou. De volta ao clube que amava, reassumiu suas funções como diretor de futebol.
No início
de 1946, Sebastião Bráz deixou de fazer parte "oficialmente" da diretoria do clube. Ao
registrar essa aposentadoria, o colunista Raul Jardim comentava:
“Hoje não há quem possa negar, a história do Uberaba Sport é a própria história de Sebastião Braz. Ficou “velho” no próprio clube, acabando por receber o honroso título de “Vovô” da família alvi-rubra. Sebastião não serviu apenas ao Uberaba, mas ao desporto uberabense como um todo. Fundou o Independente. Treinou vários dos nossos maiores craques: Tintas, Gradim, Mira, Jucapato, Rui, Paulino, Machadinho, Bio, Targino e outros craques além, de mais no final de sua carreira como técnico, tais como Mexicano, Fio, Nena, Pão Creoulo, Fogo, Tião e outros".
Na década de 30, também foi gerente do Cine Teatro São Luiz e proprietário do Cine Alhambra.
Casado com Otávia Duarte Bráz, é pai do saudoso Sherlock Holmes Bráz, que além de também ter escrito seu nome na história do Uberaba Sport, era o pai de Fernando Vanucci, grande jornalista esportivo falecido recentemente, que com orgulho publicava fotos de sua infância, onde, vestido a caráter, era um dos mais ativos mascotes do Colorado .
Em 25/04/1948, passou mal durante mais um treinamento do Uberaba Sport em Boulanger Pucci. Com um infarto fulminante, morreu dentro do campo de luta, na casa que para muitos era seu segundo lar, o estádio alvirrubro. E do jeito que sempre previa e dizia que gostaria que fosse. O seu enterro foi por muitos anos lembrado na cidade de Uberaba. Música lenta e triste, lágrimas sentidas pela perda irreparável de uma das figuras mais populares e benquistas da cidade á época.
Alguns anos após sua morte, no jogo
que marcou a inauguração dos refletores em Boulanger Pucci, em novembro de
1953, foi inaugurado um busto em sua homenagem, posicionado na parte
central da arquibancada, monumento que se perdeu quando da demolição do estádio após a criminosa sucessão de eventos que culminou com a perda da totalidade do patrimônio do clube em anos recentes.
Um comentário:
Que texto bacana, Ruy! Muito bom celebrar as gerações passadas e saber um pouco mais sobre meu bisavô, que infelizmente não tive o privilégio de conhecer… Lembro com muito carinho das histórias que ouvi de meu pai sobre ele. História de vida que se mistura com a do Uberaba Sport… Forte abraço!
Postar um comentário