Uberaba Sport Club, 98 anos de glória

Fundado em 15/07/1917, o Uberaba Sport sempre teve uma torcida apaixonada. Esse espaço pretende resgatar a bela história de nosso querido clube. É muito bom reviver esses grandes momentos, que explicam a paixão de nossa torcida, cada dia mais orgulhosa dos grandes jogos que voltaram a colorir o Uberabão. Nossa história é recheada de conquistas. Por várias vezes fomos os melhores do interior mineiro e, nos anos de 1981 e 1983, subimos direto para a Taça de Ouro, a partir da Taça de Prata. A Taça Minas Gerais, conquistada em 1980, não consta dos arquivos da Federação Mineira e é creditada ao América em algumas publicações. Mas eu estava lá... e vi o Uberaba levantar a Taça, já em 81, com uma vitória por 2x1, aos 50 minutos do segundo tempo, gol do lateral esquerdo Aldeir, após uma longa batalha jurídica contra a Federação Mineira. Nos posts a seguir, tento colocar os pingos nos is, e tenho certeza de que os mais jovens sentirão mais forte o orgulho de ser Colorado. Abaixo, assista aos dois gols do USC marcados contra o Flamengo, em 1981. Aquele primeiro tempo foi simplesmente fantástico. Foi uma derrota, mas a forma como o Colorado jogou foi incrível. Afinal, enfrentar o campeão brasileiro, o time do Zico, no Maracanã, e abrir 2x0... Até hoje escuto o barulho dos fogos.












quinta-feira, 5 de maio de 2022

SEBASTIÃO BRÁZ, o maior colorado de todos os tempos?


O velho Bastião nasceu em 20 de janeiro de 1889 e faleceu em 25 de abril de 1948. Participou da fundação do Uberaba e a partir de então compôs sua diretoria por ininterruptas gestões. Com algumas (poucas) interrupções, foi o técnico do time de sua fundação, em 1917, até sua seu falecimento, em 1948. Também respondeu como presidente do clube no inicio da década de 20, após a mudança de domicílio de Cantidiano de Almeida, transferido para São Paulo, preparando o terreno para a presidência de Guiomar Rodrigues da Cunha.




Inspetor de seguros da Companhia Sul América em Uberaba, Sebastião foi também um vigoroso jornalista. Durante mais de 20 anos colaborou com o Lavoura e Comércio, onde chegou a exercer o cargo de redator chefe da seção de esportes, função que acumulava com sua tremenda dedicação ao clube. É fácil encontrar, em vários dos principais jornais do país à época, citações ao Uberaba Sport. A cada vitória do clube, Sebastião disparava seu telex para as redações dos maiores jornais do país, que sempre tinham, assim, notícias sobre o proclamado "Campeão Absoluto do Triângulo Mineiro".


No final da década de 30, insatisfeito com os rumos do Uberaba Sport, que fazia verdadeiras seleções piratas, contando com profissionais que tinham problemas de registro em seus clubes e federações de origem, voltando a atenção para amistosos contra grandes equipes do futebol brasileiro, Sebastião deixou o clube e ajudou a fundar o Independente. 


O "Velho Bastião" em ação, no jogo que culminou com sua breve saída do clube em 1938

Por vários anos o estádio do Independente, na Rua Osvaldo Cruz, ostentou o seu nome. As primeiras partidas contra o seu amado Uberaba só ocorreram no início de 1940, quase dois anos após a fundação do clube "yankee". O Uberaba, com sua legião de profissionais, não tomou conhecimento do espírito amador de Sebastião Bráz, aplicando duas sonoras goleadas por 5x0. Na terceira partida, no entanto, Sebastião se rendeu às evidências e trouxe alguns dos melhores jogadores brasileiros da época, como Feitiço, para reforçar seu clube. Ao final, finalmente uma vitória do Independente, por 2x1. Derrotado em suas convicções, sua aventura longe do amado Uberaba Sport pouco durou. De volta ao clube que amava, reassumiu suas funções como diretor de futebol. 

No início de 1946, Sebastião Bráz deixou de fazer parte "oficialmente" da diretoria do clube. Ao registrar essa aposentadoria, o colunista Raul Jardim comentava: 
“Hoje não há quem possa negar, a história do Uberaba Sport é a própria história de Sebastião Braz. Ficou “velho” no próprio clube, acabando por receber o honroso título de “Vovô” da família alvi-rubra. Sebastião não serviu apenas ao Uberaba, mas ao desporto uberabense como um todo. Fundou o Independente. Treinou vários dos nossos maiores craques: Tintas, Gradim, Mira, Jucapato, Rui, Paulino, Machadinho, Bio, Targino e outros craques além, de mais no final de sua carreira como técnico, tais como Mexicano, Fio, Nena, Pão Creoulo, Fogo, Tião e outros".
Na década de 30, também foi gerente do Cine Teatro São Luiz e proprietário do Cine Alhambra. Casado com Otávia Duarte Bráz, é pai do saudoso Sherlock Holmes Bráz, que além de também ter escrito seu nome na história do Uberaba Sport, era o pai de Fernando Vanucci, grande jornalista esportivo falecido recentemente, que com orgulho publicava fotos de sua infância, onde, vestido a caráter, era um dos mais ativos mascotes do Colorado .

Em 25/04/1948, passou mal durante mais um treinamento do Uberaba Sport em Boulanger Pucci. Com um infarto fulminante, morreu dentro do campo de luta, na casa que para muitos era seu segundo lar, o estádio alvirrubro. E do jeito que sempre previa e dizia que gostaria que fosse. O seu enterro foi por muitos anos lembrado na cidade de Uberaba. Música lenta e triste, lágrimas sentidas pela perda irreparável de uma das figuras mais populares e benquistas da cidade á época.

Alguns anos após sua morte, no jogo que marcou a inauguração dos refletores em Boulanger Pucci, em novembro de 1953, foi inaugurado um busto em sua homenagem, posicionado na parte central da arquibancada, monumento que se perdeu quando da demolição do estádio após a criminosa sucessão de eventos que culminou com a perda da totalidade do patrimônio do clube em anos recentes. 


O Busto de Sebastião Braz no saudoso estádio Boulanger Pucci


Um comentário:

Fernando Vannucci disse...

Que texto bacana, Ruy! Muito bom celebrar as gerações passadas e saber um pouco mais sobre meu bisavô, que infelizmente não tive o privilégio de conhecer… Lembro com muito carinho das histórias que ouvi de meu pai sobre ele. História de vida que se mistura com a do Uberaba Sport… Forte abraço!